16.10.10

Hoje e nunca mais

Era tarde, me sentei junto ao meu cachorro no lugar preferido dele e repeti o que ele fazia: olhar a rua.A luz do poste piscava despercebida, pessoas passavam olhando para baixo e de quando em quando um vento forte nos encontrava.Nem era vento, era o ar que os carros e ónibus deslocavam ao passar correndo.O pedaço do céu que eu podia ver ia escurecendo,sem nuvens ou estrelas.A água escorreu dos olhos até a boca e fiquei bebendo em silêncio.O cachorro tocava o nariz gelado em mim quando eu parava de acariciá-lo e eu não tocava meu nariz em nada.Ainda assim, de vez em quando, o vento fazia as roupas do varal acima da minha cabeça roçarem de leve em mim.Ou talvez fosse só impressão.Uma amiga um dia me disse que a gente também chora por não saber o que está sentindo.Tudo parece tão óbvio mas fora as pessoas falando eu nunca saberia.É sempre silêncio aqui e o eco empurra de volta o grito na cara de quem gritou.

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